sábado, 23 de março de 2013

AULA DIA 23/03 - SOBERANIA



SOBERANIA

O que nos interessa abordar aqui, principalmente, são os aspectos que envolvem a Soberania, que é, por sua vez, o elemento condutor do Estado. Questionamos, todavia, se essa soberania vem sendo respeitada na atualidade. Os países, ou Estados-Nacionais, estão realmente exercendo a sua soberania interna e autonomia externa? Não nos tornemos restritos apenas nas questões que se deslocam de dentro para fora. Estão, deste modo, sendo respeitadas a soberania e autonomia dos Estados?
Um ponto de partida que mostra claramente essa realidade se faz concreto na invasão do Iraque pela potência norte-americana. Liderada pelo governo dos Estados Unidos contra a opinião da quase totalidade dos membros do Conselho de segurança da ONU, a invasão mostrou, de forma clara e evidente, o papel e a posição em que se encontra o país (EUA) frente à ordem mundial.
Francisco Vitória, considerado por vários autores como o fundador do direito internacional, afirmou que há somente uma causa para a guerra justa: a ofensa recebida, critério esse consagrado no artigo 51 da Carta das Nações Unidas. Por conseqüência, um ataque preventivo seria contrário às normais de âmbito internacional na modernidade, que só autorizaria o ataque mediante ao uso da força em auto-defesa, contra ameaças de fato, e não potenciais. O conceito de guerra preventiva, sugerida por Henry Kissinger, por sua vez, realça dois aspectos fundamentais que surgem nessa nova ordem mundial em formação; uma visão de mundo unilateral, manifesta pela prática dos anseios da superpotência e a radicalização do conceito de Soberania.
Nota-se, por sua vez, que o fenômeno conhecido como “globalização” já não se resume ao rompimento das fronteiras e intensificação das relações econômicas.
Citamos a invasão dos EUA ao Iraque. Não foram poucos os crimes praticados contra os direitos humanos naqueles dias (ou nesses dias!). Os erros estão à vista. Os “democratizadores” matam, seqüestram, torturam, violam todos os direitos humanos, fazendo sua limpeza étnica
 No entanto, não houve punição, ao menos em tese, a partir de uma mínima dignidade para tais ações. Questiona-se: para as relações econômicas a “Soberania” não é respeitada, outrora, ao se tratar de vidas humanas, a superpotência tornou-se inatingível. Ironia?
Se o papel do Exército dos EUA consiste em manter a segurança no mundo em favor da economia americana, como disse o major Ralph Peters, e se, "para alcançar esse objetivo, estamos dispostos a matar um número aceitável de pessoas", qual é o número aceitável de vítimas que terá que ser feito no Iraque?
Ainda há credibilidade na ação do Estado, na sua soberania, autonomia, na sua busca - ao menos em tese - pela justiça? A voz do povo já não é mais a voz de Deus?


Pluralismo interestatal

         Em virtude dos princípios elementares do Direito Internacional, destacamos aqui a necessidade do respeito à individualidade de cada Estado-nação. No entanto, não é o que vem acontecendo na esfera global. As grandes potências têm agido da forma que querem, infringindo a soberania e autonomia das nações.
         Ao invadir o Iraque, uma das várias justificativas dadas pelos Estados Unidos foi a intenção de levar a democracia àquele povo. Destarte, as normas internacionais resguardam o direito da não-intervenção interestatal, a qual estabelece que nenhum Estado tem uma missão civilizadora ou emancipadora frente à outra nação.
         É preciso resgatar, nesse novo século, a Soberania dos Estados, que possibilite a aceitação dos usos e costumes de cada povo adquiridos ao longo de sua história, sem, contudo, infringir a prevalência dos Direitos Humanos internacionalmente.
         A sanção às atrocidades cometidas pelos Estados Unidos não vieram do Conselho de Segurança da ONU, embora alguns ainda insistam que sim, mas, de fato, firmam-se a cada dia nas ações de repúdio à superpotência advinda das várias nações. É preciso sustentar esse sentimento de não aceitação e, paralelamente, promover a justiça internacional, fundamentada na virtude de proporcionar a todos aquilo que lhes é de direito: a vida com dignidade.
        
 Karem Máron, jornalista argentina, reitera em suas reportagens que relataram, e relatam, a guerra:
Hoje, essa parte do mundo, em muitos casos, se pergunta, ansiosa, onde vai estourar o próximo conflito -na Síria? No Irã? Na Coréia? Para os iraquianos, entretanto, a guerra está em suas casas, mentes, corações. Foi enganosa a declaração de 1º de maio de 2003, que falou do fim da guerra e que os meios de comunicação repetiram, sem grandes cuidados.
A guerra se vive diariamente, como um estigma que atormenta a população do Iraque. Porque a bênção deles, reiteram os iraquianos, é também seu castigo. "Se não tivéssemos o petróleo, jamais nos teriam invadido." (MÁRON, 2006)

A)   DISCUSSÃO EM GRUPO
B)    MAPA CONCEITUAL
C)    TOMADA DE POSIÇÃO DO GRUPO

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